Fra Filippo Lippi - um dos grandes pintores florentinos, mentor do artista Botticelli, tem uma das biografias mais interessantes do início da Renascença.
Biografia
Filippo Lippi nasceu em 1406 na família de um açougueiro, Tommaso di Lippi, em um dos bairros pobres de Florença. Sua mãe morreu alguns dias após o nascimento de seu filho, e dois anos depois seu pai morre. O órfão de Filippo é levado pela irmã de seu pai, mas aos oito anos de idade, devido à pobreza, ele recebeu um novato no mosteiro de Carmelite del Carmine.
Aos 15 anos, Filippo Lippi foi forçado a fazer um voto monástico. A vida no mosteiro não foi fácil para ele. Sem nenhum interesse em ciência e livros, ele pintou figuras humanas e caricaturas em pergaminho.
Depois de algum tempo, o mentor Filippo percebeu suas habilidades artísticas. O jovem começou a visitar as igrejas de Florença e copiar os murais localizados lá. Aqui o talento de um jovem artista começou a se manifestar, e os monges o instruíram a concluir o trabalho nas pinturas da capela do mosteiro de Brancacci, que o pintor Masaccio não havia terminado em seu tempo. Filippo fez um excelente trabalho nessa tarefa e começou a receber ordens para a pintura de outras igrejas.
Em 1431, o jovem artista deixou o mosteiro e até 1434 nada se sabia sobre suas atividades. Filippo então segue para Pádua. Aparentemente, lá ele se familiariza com as pinturas de artistas holandeses e franceses, pois, retornando a Florença, seu estilo artístico está mudando.
Em 1438, sua vida mudou dramaticamente. Cosimo Medici o leva sob sua proteção, que lhe forneceu ordens e dinheiro até o fim de sua vida. Com a ajuda de um filantropo tão generoso, Filippo primeiro recebe um compromisso como capelão da igreja de San Giovanno e depois é transferido para a igreja de San Chirico, perto de Florença. Este período da vida do mestre é considerado o mais proveitoso. Neste momento, ele cria suas obras mais famosas, que expressam o estilo original e incomparável do pintor. Também nessa época, o jovem Sandro Botticelli se tornou aluno de Filippo Lippi.
Filippo Lippi faleceu enquanto trabalhava em um ciclo de afrescos em Spoletto. Ele tinha 63 anos. Seu patrono, Cosimo Medici, queria enterrar Lippi em sua terra natal, mas os habitantes de Spoletto o convenceram a deixar os restos mortais do artista em sua cidade.
Criatividade
Durante o período em que Filippo Lippi viveu, o treinamento de estudantes em pintura ou artesanato ocorreu nas oficinas de artistas. Mas Filippo foi formado como artista por conta própria, como ele era de uma família pobre e ninguém podia pagar por seu treinamento. Sem dúvida, artistas como Masacho e Masolino influenciaram seu trabalho. Uma visita a Pádua e o conhecimento da técnica de pintura de outros mestres serviu de impulso para o desenvolvimento de seu próprio estilo único de pintura. As obras de Filippo Lippi se distinguem pela elaboração de detalhes e pela presença de um grande número de vários pequenos elementos.
Filippo gostava de pintar pinturas religiosas. Em seu trabalho, são frequentemente encontradas cenas da Anunciação e da vida da Madona. Muitos historiadores da arte acreditam que, na face terna da Madonna, Filippo Lippi pintou suas amadas mulheres e, mais tarde, sua esposa. O artista foi o primeiro a escrever suas criações em uma moldura redonda. No futuro, essa técnica chamada "tondo" se tornará muito popular na Itália. Muitos trabalhos nesse formato aparecerão em Sandro Botticelli, que o adotou claramente de seu professor. O artista muitas vezes inscreveu objetos arquitetônicos em suas telas. Nem sempre tinham as proporções certas, mas isso ajudou a diversificar a pintura de Filippo, bem como a receber ordens para a decoração escultórica de túmulos.
Filippo Lippi está associado a algumas inovações técnicas que desempenharam um papel importante no desenvolvimento da pintura italiana da época. Lippi foi o primeiro entre os artistas do Renascimento que começou a escrever auto-retratos nas composições de suas obras. Seu rosto redondo e cheio de ironia pode ser visto no afresco "Coroação de Maria" (Galeria Uffizi). Vemos o auto-retrato do artista nessa foto duas vezes: a primeira vez que ele aparece para o espectador como um monge comum, apoiando o queixo com a mão e a segunda - na imagem de um bispo com uma túnica verde.
Outra inovação é o fato de Lippi ter sido o primeiro a pintar uma cena religiosa no espaço interior. Era uma pintura "Madona e Criança, Anjos, Santos e Orações", encomendada pelos Carmelitas.
As obras mais famosas do artista são: “A Anunciação” (1450), “Altar de Novitsiato” (1445), “Visão do Beato Agostinho” (por volta de 1460), “Madonna e Criança com Dois Anjos” (1460-1465).).